quarta-feira, 29 de junho de 2011

há vida depois da janela



vou desligar isto na cabeça!

preciso respirar-me. parar.


paro.


olho à volta.


espreito a janela. janela antes feita grade de uma prisão em mim que não me permitia ver a vida depois da janela, nem noutro sitio qualquer. eu não me permitia.


olho pela janela. aberta agora, claro.


é fenomenal a parafrenália de flores, árvores e plantas que me espreitam também. sempre me impressionou a força de vida que estas vegetações têm num mínimo espaço de terra, entre prédios em plena cidade: há uma nespreira, um limoeiro, pesseguerio, couves, tomates até uma bananeira!!! plantadas pelo srº da loja ao lado.


antes em desalinha lá vinha a vizinhança que já cá vivia no prédio pedir-me para saltar o meu quintal e ir buscar nespras...ou só destruir o criado, pela raíz dos seus conflitos. isso agora acabou! já não me entra mais ninguém pelo quintal. eu não quero. aliás, acho o homem da loja um verdadeiro artista que consegue fazer nascer bananas em Lx. Já houve tempos em que até galos e galinha tinha. e um cão enorme que me saltava para o quintal arás dos gatos. mas isso acabou também! galos de cidade cantam a qualquer hora, porque o nascer do sol esconde-se entre os prédios. e eu...eu não dormia e perseguia-os de madrugada. mas isso acabou.


lembro-me bem do dia em que vi esta casinha. o ninho que me recebeu de tantas formas, que me viu de tantas maneiras.

lembro-me bem da bungavília magestosa que cobria com sua copa quase todo o quintal! linda. a uma dada altura teve que ser abatida! (snif) teve que ser. mas já está a despontar de novo.

plantas que nunca tinham sido vistas pelo meu canteiro começaram a crecher, nem a dona Eulália, com os seus 80 anos, nunca as tinha visto...

uma são jarros, que nascem às desenas quando é a sua altura, depois há as trepadeiras que aparecem de todos os lados subido pelos muros, a outra por qual me apaixonei, batizei-a de Verduska. até folhas suas fossilizei em certas pinturas.

quando regressei a esta casa passados anos, que estive nem sei bem onde, num qualquer filme do Amodôvar a viver num castelo de areia, a Verduska já não estava...pelo menos não como antes. O que antes eram folhas monstruososas, eram agora folhagens semiticas amareladas. arranquei as suas raízes, cheias de um qualquer fungo marado...pensei que nunca mais a ía voltar a ver... -A Verduska morreu...pensei!

Há 2 semanas para meu espanto a Verduska renasceu!!!! montes e montes de rebentozinhos despontam agora pelo canteiro, a anunciar aquela força bruta duma planta que creche como eu nunca vi nehuma! rego-a e espero ansiosa a sua companhia!

a Veduska teve que morrer para renascer...agora mais verdinha e linda que antes!

olho pela janela, digo-lhe bom dia Verduska! vejo-me nela e acredito.


Há tanta vida depois da janela!