segunda-feira, 6 de julho de 2020

Há algo no universo das grávidas que nos faz sentir um impulso de gritar os mistérios do útero e  dos seua infinitos ciclos de vida-morte-vida.
A magia da criação suprema, dentro de nós.
Nesse grito não cabem as palavras, é algo que não se pronuncia. É um comunicar que habita na empatia das pessoas e da sua conexão invisivel. Bastaria simplesmente andar pelo Mundo para que essa partilha se manifestasse.
Mas são tempos bizarros estes que vivemos. Tanto recolhimento...sem tocar...sem respirar. 
Neste quebrar das leis divinas da pertença humana, imerge em mim por vezes uma tristeza que não se consola, que simplesmente se aceita e onde se tenta descodificar a mensagem deste virus maluco com o qual teremos que reaparender a viver em sociedade...seja lá o que isso for, tenha sido ou será!

De pés descalços olhava esta Lua, de prenuncio do Verão, tão cheia como eu, e admirava o seu chamado à expansão.
Senti-me realmente pertença, com este coraçãozinho a bater no meu ventre e esta vontade de dar o tal grito. 

Mas, no meio de tanta benção, sinto-me tão cansada de me isolar...de afastar o outro. Já me bastaram os meses em que tive que estar prostada numa cama a olhar para dentro. 

Sinto tanta falta dos abraços...e respirar, sem máscaras, com as minhas pessoas!