segunda-feira, 6 de julho de 2020

Há algo no universo das grávidas que nos faz sentir um impulso de gritar os mistérios do útero e  dos seua infinitos ciclos de vida-morte-vida.
A magia da criação suprema, dentro de nós.
Nesse grito não cabem as palavras, é algo que não se pronuncia. É um comunicar que habita na empatia das pessoas e da sua conexão invisivel. Bastaria simplesmente andar pelo Mundo para que essa partilha se manifestasse.
Mas são tempos bizarros estes que vivemos. Tanto recolhimento...sem tocar...sem respirar. 
Neste quebrar das leis divinas da pertença humana, imerge em mim por vezes uma tristeza que não se consola, que simplesmente se aceita e onde se tenta descodificar a mensagem deste virus maluco com o qual teremos que reaparender a viver em sociedade...seja lá o que isso for, tenha sido ou será!

De pés descalços olhava esta Lua, de prenuncio do Verão, tão cheia como eu, e admirava o seu chamado à expansão.
Senti-me realmente pertença, com este coraçãozinho a bater no meu ventre e esta vontade de dar o tal grito. 

Mas, no meio de tanta benção, sinto-me tão cansada de me isolar...de afastar o outro. Já me bastaram os meses em que tive que estar prostada numa cama a olhar para dentro. 

Sinto tanta falta dos abraços...e respirar, sem máscaras, com as minhas pessoas!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Regresso hoje aqui por te ler minha amiga mais querida. 
Se em vida me inspiravas na tua morte sinto-te mais perto que nunca. Estás em cada plavra onde te leio e sempre ficarás nos nossos sorrisos intímos... rasgados de uma cumplicidade que viaja para além das vidas.
Hoje sei-me introvertida. Quase como um honra. Pareço ter mau feitio, mostro ser dificil empatizar com as pessoas. é dificil sim. Num Mundo onde se encantam com os extrovertidos, onde o barulho faz sentido e o calor vem de fora...pois não admira!
Contigo sabia ser genuína e agora que não estás vejo bem o quanto me ensinas a caminhar com a tua presença ausente. 
Hoje sou eu que tenho 'vida mais que a minha'...um coração que bate tãoooo rápido, dentro de mim, para além do meu. 
Pergunto-me; será que se encontraram no caminho? Sei que este Ser mágico me traz um abraço teu, daqueles que dávamos contra o mundo todo! ali, naquele abraço, o calor vinha de dentro. Um calor assim ficará para o  sempre que não se conhece. 
Já não sinto saudade, nem nas lagrimas habita a tristeza é antes um morno amparo que me convence que não somos nada, em tempo algum. E ainda assim sem esse nada não haveria o todo. 

Fazes falta.