segunda-feira, 1 de agosto de 2011

SILÊNCIO

Preciso de silêncio.
Não o silêncio feito da ausência de sons, mas sim um silêncio psíquico. Um silêncio que surge quando os ruídos que pecorrem os meus mundos se calam. Estes, o mundo de fora e o de dentro, estão em constante comunicação. contactos normalmente barulhentos, pois é-me ainda dificil experimentar acalmia quando espreito o que se passa fora de mim. a verdade é que não gosto do que vejo, não gosto deste mundo de complexidade mentirosa. Um mundo por onde se caminha vazio na ansia de nele se encontrar respostas,um mundo cheio de estímulos que me cansam mas não me iludem ,pois sei que nele apenas pertenço e permaneço até que queira. mas não me encontro nele.
No meu mundo de dentro está sempre tudo a mexer muito. Informações contorcidas em movimentos espamáticos, que não se conseguem explicar por palavras. Estas, sendo signos inventariados por uma humanidade gasta de tanto engano, estão esgotadas.
Já não há palavras...não as encontro.
Melhor teria sido se tivessemos permanecido na pré-história, onde nada se escrevia e tudo se sentia. não havia tanta necessidade de explicar as palavras para resolver os conflitos. Haviam poucos signos, alguns feitos de imagens sugadas do olhar. e bastava. não havia luzes que ofuscassem as estrelas. Lia-se o tempo pelo Sol e o espaço pela Terra. e bastava.
Mas era inevitável que a humanidade logo precisasse de multiplicar e catalogar as formas de comunicação. E tudo bem, pois a principal intenção era a da criação da linguagem, era a da união universal dos seres falantes. Era evitar os conflitos e unir. E agora pergunto: E...acalmaram-se os conflitos? Há mais comunicação pela linguagem? Somos civilizações mais unidas? Somos seres mais explicados e resolvidos? Não me parece...
Por isso vivo na pintura. só ela me permite 'dizer' o que esperneia cá dentro. Só ela faz com que atravesse as pontes que unem os dois mundos, por caminhos de terra molhada por uma chuva de Verão. Só nela vive o instante feito do sonho que me abraça. Só na pintura mergulho em águas quentes e brandas. Só nela toco o que nunca vi nem sei. Só nela vejo o que não se diz. e só ela permanece onde as palavras nunca chegarão.

Não me chegam as palavras.

Chhiuuuuu....preciso de Silêncio.