domingo, 7 de outubro de 2012

Vou contar-me um história:

Era uma vez uma sementinha irrequieta.
Na sua inquietude aprendeu a arte da espera. do Tempo. do seu.
Sentia ter esquecidas memórias de si. Volvidas esperas em tensão. Entre a matéria e o absoluto havia tensão, entre o sol e a Terra havia tensão. 
Quente. estava demasiado quente. 
Ainda não era o tempo certo e a sementinha não conseguia germinar. Sim, ela sentia as memórias esquecidas de há tanto tempo. de todo o Tempo. Sentiu-se doente. estava tanto frio.
Queria respirar! Ao seu cantinho de terra não lhe chegava o Sol. Não havia ar.
Estava tão escuro . . . 
E procurava. procurava. incansável a semente procurava-se às escuras. Era uma noite sem fim.
E pensava. pensava muito. Pensava o Sol. pensava o dia a noite e as mil vidas que se imaginava ser.  
Um dia deixou de pensar e sentiu. Foi num dia calmo, sem calor nem frio. O vento era cristalino! e um rebento de verdade germinou...tão doce...

Plooockkk

e deixou de se pensar. Aquele era o tempo certo. Nunca se havia sentido tão viva! 
Sem espelhos, julgou ser uma árvore gigante, tão grande, sem tamanho que coubesse neste mundo. que nela coubesse o Mundo. Num espelho encontrado pelo caminho, descobriu-se flor, e folhas, espinhos suaves e pétalas de Lotús. e muitas cores!  sabia-se sementinha minúscula, um ínfimo pontinho de vida! 
Tanta vida . . .
Uma vez germinada a semente nunca mais parou. sabia o Ciclo e deixou de perguntar. Eram ainda rebentos tenrinhos que dela brotavam. Sempre à procura do Sol, girava, seguia a luz e todo o alimento lhe chegava na hora certa. Leite e mel. doce como uma Lua de canela. Sua casca quentinha era suave e tão macia, para além das questões. 
Um Gira-Sol . . .
De vez em quando o vento sopra um pouco mais forte e o que antes nem tocava a semente, hoje abana o pequeno Gira-Sol. Mas ele já tem as raízes das memórias há tanto perdidas e agora encontradas. 
Hoje, o Gira-sol sabe que antes de flor ele é a semente pura que o anima.
Pelo caminho só tem que observar a paisagem. um dia sabe voltar para casa.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

a Semente encantada

Ainda estou absibilica...meia extasiada com o poder do sublime na Natureza... 
Tenho um Gira-Sol a crescer ao lado da Verduska no meu canteiro!!!  
Já a Verduska também  nunca a plantei  e tem uma história de vida digna de uma guerreira..e agora este pedaço de Sol a sorrir-me todas as manhãs!!!  

Estou dormente e feliz.

Sempre me enfeitiçaram estas plantas luminosas e sinto-me abençoada por esta 'invasão' a um pedaço de terra que cuido..pela responsabilidade do amor que sinto e não por sabe-lo meu. 

Uma pétala de vida que vem mostrar-me o encanto do contacto, desta vida que hoje me habita e me grita ao Sol a Luz que sou..
um pontinho...pequenino... minúsculo... ínfimo. 
Como uma simples flor nos pode fazer lembrar da vida que ainda há por pintar...
a lembrança de que o ciclo nunca pára...e que tudo se renova! 

Que resistente é uma vida! 
Leve quando se é fácil.  
Quando se pretence.

No final o retorno acontece sempre. As coisas simples. um pouco de água, terra e Sol. 
A vida quer viver. 
Já sei as respostas da pertença. 
Já sei que atrás de uma pele que cai, vem sempre uma nova pele..e é tão docemente delicada. Suave.  



Vou-te chamar o meu "Pequeno-Sol"

domingo, 29 de julho de 2012

"a Tela"




quarta-feira, 18 de julho de 2012

suspenso pela espera


Há muita gente muda. 
são estes, os caladinhos da vida, que por dentro falam e dizem tudo. são normalmente esses que deliberam as suas formas de solidão. porque na verdade nunca estão sozinhos. 

Sinto-me tão quente, imersa nesta febre que teima em não me deixar as carnes. e fervo...fervo...por tentar explicar-me no meio desta cura surreal...fervo por fazer surgir de respostas mais perguntas. por procurar os eternos caminhos da Paz.

Sempre a busca do silêncio. dessa saúde. 

Já ouviram o barulho de um corpo a cair? é tão forte não é? tão denso, único. 
e o barulho da queda de um espírito que deixa de sonhar...já ouviram? tão agudo que dói 

Mas... ruidoso mesmo, é o silêncio de uma solidão forçada por um corpo que adoece. é uma vida que precisa de ar, que quer mais vida. 
Tal alma unida a uma corpo que não se deixa viver no planeta dos sentidos, qual 'Borboleta e o Escafandro'... e depois há esta pele doente que quer cair. e esta nova pele que se começa a formar e que deseja tanto encontrar o Deus do Homem. E se não encontrar. pelo menos acreditar que se encontra...o que no fundo acaba por ser a mesma coisa.

o silêncio...o silêncio...é também responsabilidade....o silêncio é uma violência quando de nós esperam uma palavra.


Devagarinho aproxima-se um vulto, não lhe consigo ver os detalhes nem traçar contornos: é a nova pele! está tão protegida.  não está sozinha... vem no regaço da escolha calma, suspenso pela espera

é tão doce

sábado, 7 de julho de 2012

quantas peles cabem num corpo?


Sob a crosta habita uma pele ansiosa por respirar

sexta-feira, 29 de junho de 2012

"PINTORA"


"Consegues pintar o Amor?
A sua genuidade, a sua força?


O seu encanto?

O porquê de tantas lutas e falhas?



O seu carisma o voar com o vento

Trazer sabores e dissabores
Percorrer longas histórias, Séculos, Eras
E oferecer o coração ao teu coração

Enfim, como consegue tal sentimento
Mexer com o mundo
E este manter-se em silêncio
Seguindo a direcção da hipocrisia e ganância

Por isso continua a pintar a tua tela
Mistura as cores do Amor
Coloca a tristeza com a alegria
A saudade com o Presente

E o resultado desse quadro
Será o sorrir e chorar na tua paleta
A poesia pintada com a alma
E o Amor a enviar mensagens de apelo"

Joni Baltar


quinta-feira, 28 de junho de 2012

leitura aos cegos


quinta-feira, 21 de junho de 2012

a Pintura é um sitio estranho

Preciso de Pintar!
P I N T A R
e não me refiro às pinturinhas de bolso que vão acontecendo em dias mais longos que o previsto. 
Falo de rasgar. 
Escancarar a boca e enfiar os punhos pela garganta abaixo. arranhar as entranhas. agarrar todos os fígados e estripar tudo para fora deste corpo amarelo-opaco. em seguida e com as mãos ainda ensanguentadas, arrancar o que me resta de uma penugem que me envergonha chamar de cabelo.
abrir, coser, fechar para voltar a abrir. 
rasgar. 
PI N T A R   afinal...

Haverá ausência mais dolorosa do que a de si?
 nesta ausência a roçar a loucura, só um fio de consciência não me abandona e é dono de não desaparecer por completo. 
 É lá, na falta do reflexo, que a pintura me vai buscar
...num desejo de demência consentida.
 Desejava nunca ter sabido, porque agora não sei para onde fui! não estou cansada, não estou triste. não estou nada. . . Não ouço nada, mas faz tanto barulho!!
Para onde foi o silêncio?

No final, a pintura encontra-me sempre. nos sítios mais estranhos que ela é

o meu retorno é eterno.


sábado, 5 de maio de 2012

a Menina da samarra

Lá está aquela menina pequenina à espera, numa porta, da hora certa. A menina da samarra. 
Queria aquela mão amiga que me deu banho, me vestiu e me deitou. Sentir aquele amparo. Abraçar a menina da samarra e dizer-lhe que nunca mais será deixada antes da hora, naquela porta... queria até aquela mentira do nunca, nunca, nunca mais...ou do para sempre...para sempre... 
O meu corpo está tão cansado. estou tão cansada com ele...não me apetece lutar mais do que o previsto, e fico meia ausente. Esta cura dói! Estou magoada. por ninguém senão por mim, por ainda me deixar acreditar nos embalos dos afectos, breves. Preciso de alivio e não sei onde procurar, a não ser neste dentro que tem estado abandonado juntamente com a menina da samarra.
Tudo é tão efémero...tudo...isto dói. o meu corpo dói-me. 
Desabafos não são literatura, mas aliviam no deslumbre da partilha. 
Não sei se estou errada, mas estou confusa...não consigo sentir-me nestes Sábados intermináveis...se não estivesse de samarra ia gritar para a tal montanha o quanto me dói este corpo a sarar, o quanto me magoam as pessoas intermitentes, que...quero os meus dias por inteiro comigo! até os Sábados...gritar que sei não poder apressar o tempo, mas  suplicar que corra mais rápido!  gritar gritar alto ...  
Só voltar quando souber perdoar...quando deixar de arder...quando aceitar que toda a mudança começa em mim...e...embebedar-me naquele cheiro a Tília. Pegar na menina da samarra. 
amo-te tanto pequenita!  Pergunto-me qual será a tua história...és apenas tu.  Sei que pensas que o mundo por vezes te quer calar e te faz cair...
Pequenina, o Universo é tão justo afinal . . . sabias?



segunda-feira, 19 de março de 2012

um sussurro

Vi o Céu hoje!
Um infinito de espaço e vazios. Estrelas, planetas, constelações, alinhamentos, anos-luz e neblosas.
Mitologias cheias das eternas perguntas do Homem.
Uma imensidão que me emocionou.

E chorei, baixinho, por sentir o peso da importancia que me dou...

quarta-feira, 14 de março de 2012

O LADO SUBTIL


em todo este Mundo onde nos movemos há um lado subtil. Em cada agir, em cada contemplação.
Naquele milésimo de segundo que precede o passo dado, a decisão tomada, a palavra pronunciada, habita uma eternidade subtil. Um ponto, um momento minúsculo, imprecetivel quando não se está em contacto, mas que marca tudo, tudinho.
Mortifica o quase, o talvez e descongela a intenção. Desconstrói o conceito e desarruma a razão.

Em cada palavra existe a subtileza do não-dito. está lá: no sentimento que se encontra sob sua pronuncia. está lá: no timbre da voz, num olhar desviado, no queixo que treme de vulneberalidade.
Há um lado subtil no olhar ausente de um gato, num pássaro que parece não dar por nós. Olha-se para as nuvens, construindo-se mil formas de infância, pára-se o pensar, fecha-se o olhar para fora e sente-se a Terra a girar conosco e corremos com as nuvens, disolvendo-nos na subtileza das formas da memória.


E a memória, essa...quantas subtilezas!!! Quantas verdades construídas por puzles, que tanto encaixámos nos moldes do desejo, que às tantas a história fica lá, eternizada no cantinho da esperança...numa verdade frágil de tão subtil.


Até nos alimentos que se ingerem está a subtileza da mão que os cozinha e que os oferece. Quem nunca provou o sabor do amor numa sopa feita de mãos de mães? Quem nunca sentiu o amargo de uma refeição com sabor a solidão?
e...que maior subtileza haverá que sentir os agoras . . .

quinta-feira, 8 de março de 2012

parar o Mundo



Que tenho o olhar limpo...que tenho os olhos claros: dizes-me. Se sempre me vi bonita: perguntas-me...


Não, meu amigo...tempo houve em que não me encontrava beleza alguma. Tenho-me conquistado. re-encontrado. E porque me sei bonita, e porque me sei pureza, tenho o olhar limpido.


Já dizia a sabedoria popular: os olhos são o espelho da alma...e não é?


Vejo mais do que alguma vez vi. se vejo tudo? Possívelmente não. não sei. isso não é importante. Só o agora importa e é verdade.


Sei, contudo, que existe um mundo subtil a todo este mundo onde nos habituámos a viver na consciência do corpo. e numa primeira atenção, parece ser só assim, como se nos apresenta aos nossos orgãos dos sentidos.


Parando o olhar, introvertida, mas muito consciente e de olhos limpos, vejo numa segunda atenção todo o subtil que se encontra em todas as pequenas coisas. Vejo vida na Lua!


E é tão bonito.


Consigo parar o mundo!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

domingo, 19 de fevereiro de 2012

antes desenganada inquieta que enganada confortável

Terá havido um tempo em que o homem não procurava Deus? Acredito que sim. sinto esse tempo nas memórias sem sofrimentos. de quando não me mascarava de mim para a minha dor. memórias que conheço sem ter exprimentado. indizíveis...impronunciáveis do tempo em que nada se desejava ou procurava do lado de fora, para lá do eu. Preciso acreditar nesse tempo. sem esforço, um dia.

Sou uma desenganada que procura. quanto mais me procuro mais me desengano. deixei de ser uma enganada confortável. abandondo uma pobreza que não me pertence, mas tantas vezes me deu o falso calor das riquezas mundanas.

Acreditando ser generosa, fui pedinte. acreditando ser honesta, fui mentira. acreditando ser feliz, fui desgosto. Gritava-me livre e era condenada. indigente numa noite gelada.

Agora prefiro olhar para o outro lado do óbvio que nos cala por momentos. o adquirido é mais fácil por ser isso, óbvio...e podia ficar só por aí. o corpo acusa, a mente sente, e o intelecto concorda. é uma aparência cheia de ruídos. faz barulho. o que pensava ser simplicidade, nada mais era do que a aparência agradável e sedutora do conforto socialmente aceite. máscaras adocicadas por roupas bonitas, corpos fenomenais que se esquecem saber envelhecer, o falso poder da moeda que nos alimenta. paz fugaz do conforto. Como quando um relâmpago rompe a noite escura, e por segundos tudo se ilumina e se vê de outra forma. e deslumbrádos por essa luz rompante babamos de tanto prazer de julgar que já se viu tudo. mas são instantes e a paz apagasse em segundos igualmente fugazes. Contudo, ficasse confortável com esse prazer do momento que nos enche as carnes.

Haverá maior pobreza do que um espírito encolhido... (?)

simples é ficar nessa luz da riqueza de uma alma que se acusa. já não olho mais para o céu da noite à espera de um relâmpago que me faça dia. faço antes da noite escura surgir um sol infinito que vem de dentro e ilumina todo o caminho: sem intreferências.

porque se acredita.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Por fim o meu mundo de dentro!



Despertei de um sono profundo.

Um acordar tão necessário quanto a urgência de saber-me mais que um corpo. um corpo que está em processo de cura. está mais frágil e cansado agora. nauseado há uns dias, como se andasse à deriva num barco que nunca pára. anda nesta viagem necessária porque precisa de sarar. Embarco com ele mas só para o cuidar, para o abraçar a amar com todas as minhas forças. Respeito-o muito agora e já ouço o que tem para me dizer.


Se me concentro apenas nele fico meia ausente, e com vontade de apressar o tempo. Embarco nessa viagem rumo ao que desconheço e fico dormente. não sei onde estou. se me foco na matéria fico igualmente frágil e cansada, numa náusea sem interrupções.


Mas sou tão mais que um corpo. Sou tão mais que uma ausência. Não sou apenas a matéria que me dá forma, a matéria que adoece e envelhece. Nela apenas me manifesto, comunico e me ajudo a sentir. mas não é nela que existo. Estou para além de qualquer viagem. Encontro-me no que procuro, sempre que me procuro. e quando me encontro é sempre dentro de mim, mas fora do corpo.num infinito lugar. é um dentro sem matéria. sem tempo nem espaço. sem fim.


Por fim o meu mundo de dentro!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Desengano



O que dia em se me revelou que as desilusões não são mais que desenganos, foi um dia amargo. Quis tanto saber que o cordão que me ligava era eterno, quis tanto saber-me abraçada no útero que me gerou. Ali tudo era fácil, morno e feliz. Não havia o medo não faltava nada.

Serei vista como a que vai e vem? e...se vai perdendo pelos caminhos...a eterna desassossegada. Mas desengane-se menina: não se pode existir para ser-se vista...desengane-se menina: não se pode moldar o mundo...só a sua alma pode moldar menina...

Falo assim para mim...desencantada: como ser uma menina da mamã que nunca foi menina?

Nestes desencantos descubro-me na urgência de crescer. não se pode apressar o tempo. preciso-me paciente na espera do meu 'fabuloso destino'. mas desengano-me: não sou eu que o espero, é ele que me espera!

Engulo uma coisa meio seca meio molhada há semanas. não desce, nem sobe. fica-me ali na garganta à espera de um grito que a liberte. Mas o medo é tanto que por mais que abra a boca não sai um som. O que vou murmurando por aí é apenas conveniente. Até lá vou engulindo sem deglutir. e espero...espero...


Um dia destes...um dia destes... caminharei sem esperar nada.

sábado, 21 de janeiro de 2012



segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

'Assuntos de Cama e outras Desordens'

Queria poder fazer um voto de silêncio. Estou farta das palavras, das minhas e das dos outros. Não vou mais falar do tempo, nem desejar bom ano, nem bom Natal, e Carnaval só se for o que é a minha vida. Calem-se todos! Por favor não desgastem as palavras, que juntas podem fazer amar e mais juntas ainda podem fazer odiar. São poderosas e inversamente proporcionais às conclusões. São enfadonhas se acreditar que tudo o que sei é tudo o que preciso, mas vejo afinal que o que sei é nada...são palavras. Sei apenas que preciso de silêncio.
A palavra morre assim que é pronunciada. Não vale para as taxas moderadoras nem para os gastos de saliva nem dura para os portes de envio.

Sem palavras aprendi a suportar ausências, a aceitar as partidas. aprendi a ver nas despedidas novos retornos, a abraçar os meus medos, a andar de mãos dadas com os meus fantasmas... e... de nada me servem as palavras. O precioso silêncio...ahhhhh...o precioso silêncio. só nele me encontro. Em tempo de crise há-que falar só o necessário. e o necessário é sentir...o que se diz...e só dizer o que se sente. Mas para quê tanto falar se ninguém se ouve? afinal fala-se para quem? para o ouvinte ou para o orador? são diálogos feitos monólogos. Já não ouço nada...fartei-me! Já não digo nada. As palavras nada mudam. nem o tempo muda nada. apenas me coloca mais distante do agora, do ontem, do passado. coloca-me num infinito horizonte que por vezes me surge, para logo desaparecer. equilibra para em seguida desequilibrar. mas não muda nada. nem os assuntos nem os pensares nem os sentires nem as desordens nem as ordens. A memória do que se sentiu, ficou naquele tempo, mas regressa sempre com a mesma intensidade. Nada muda. Usam-se as palavras desejando marcar diferenças, anunciar ideologias, tentando convencer o medo a desaparecer, tentando explicar o inexplicável. a compreender. Mas e...há afinal mais entendimento pela palavra? não me parece. a mim não me resolve. Tudo cá dentro está caótico...e aqui as palavras não chegam. nem as quero! quero aceitar as injecções de consequência que me irei dar pelas mãos das decisões tomadas. quero aceitar o medo a sentir, o meu corpo em conflito. A paz que tive...está lá, onde tempo a deixou...e nada mudou. regressa sempre da mesma forma, noutro tempo, noutro outro, mas é sempre a mesma. Tudo regressa sempre ao corpo onde se construiu. mas são sentires...não são palavras.
Hoje em leituras de 'assuntos de cama e outras desordens' vi a intimidade que é minha. ficou lá. presa numa memória que o tempo tenta, sem sucesso, apagar e que as palavras me tentam convencer ser passado. mas tendo sido construida em mim É urgentemente minha. e fala-se fala-se .... fala-se demasiado! Para quê? quando podia simplesmente fechar os olhos e ver as cores das pessoas que se amontoavam pela rua. cheirar o alcatrão quente rançoso desta cidade. sem palavras...fechar os olhos e só sentir.

Está decidido! vou fazer um voto de silêncio.