quinta-feira, 21 de julho de 2011

I remember the suspended meaning

"I remember memory as if it were a memory...I remember a place where I could extend my thoughts...I remember words leaving my mouth without me...I remember them saying: 'WHAT DOES MIRROR LOOK LIKE WHEN IS NOT WORKING?'..."


sábado, 16 de julho de 2011







quantas Francescas Woodman? quantas vezes te multiplicas. quantas vezes me sinto como sempre te fotografaste em autoretratos crus - uma suicidada da sociedade - só porque sou ausente.



quando foi Francesca...qual foi o momento que te tornou desintegrada? quando foi que realmente te suicidaste? sei que foi muito antes de te atirares de uma janela aos 22 anos. quando foi Francesca? vejo-me em todas as prisões das tuas fotos, são antes espelhos. daqueles que não reflectem, daqueles que se respiram. Raios...mas será que niguém te ouviu?!!!? tantas fotos, boas! tantos gritos, altos tão altos. e ninguem te ouviu? e porque agora todos falam de ti? os criticos então são fenomenais nas suas brilhantes respostas carregadas de palavras caras, que me cansam. o silêncio que se ouve quando os que se pensam vivos cotemplam as tuas fotos. os que te vêem ficam mudos por séculos no seu interior, porque o confronto é demasiadamente cru. e dão por eles ali despidos quase a tocar a verdade. e eu tenho saudades das fotos que nunca chegaste a fazer, porque nao te deste tempo. mas vejo-as todos os dias. em cada caixinha vazia dos meus cantos, estás lá, em cada sitio escuro, estás lá.



e tudo fica ali, num sítio escuro , fechado em caixinhas vazias. secalhar porque é ali que deve ficar. quando foi que deixei de sentir o tempo? quantas vezes mais terei de acreditar que a vida será sempre pouca para o que quero? e quantas outras me parecerá uma eternidade?



Cansaste-te não foi? cansaste-te de esperar a resposta. entendo. eras crua nas tuas histórias e não mostrasvas medo de as contar bem alto. quando foi então?



sei que em aguma altura pertenci a algo. sei porque por vezes vejo a minha silhueta em tanta coisa: na terra, numa sombra, numa conversa sem palavras, numa tela por pintar. sei que estive lá, que pertenci. quando foi que isso aconteceu? já não vejo o tempo, nem acredito. por enquanto só vejo silhuetas. por vezes parece que ainda nem nasci. por vezes parece que nunca estive, nunca fui. fui apenas importancia relativa. se pudesse ao menos encontrar o momento!



sei que algumas caixinhas não se vão encher só porque eu quero. sei-me capaz de muita coisa, mas não disso. ficarão assim vazias e escuras à espera das respostas.



quando foi Francesca?

domingo, 10 de julho de 2011

o espaço e o tempo são apenas coordenadas de um ponto de referencia: nós

Apesar de sentir que o espaço é onde estou no momento, que sou eu que faço dele pertença ou pelo menos tento pertencer a ele. Afinal o espaço e o tempo são apenas coordenadas de um ponto de referência: nós próprios. Já o digo há muito tempo. desde que aprendi a falar com os sentidos.
Mas de cada vez que me aproximo ao calor da terra que me viu nascer, tudo em mim se transforma. É algo mágico. Abro o vidro e cheiro a terra, o ar quente da planície,os abraços daquele vento. Sei que pertenço ali. Simplesmente sei.
saudosismos feitos em conversas carregadas da memoria de que sou feita: lembro sair da escola primaria e ir para o agora hospital em obras, e naqueles ruínas ficar só a ouvir os morcegos, e a gostar do medo que sentia. lembro de viver na rua cheia de outras crianças. lembro de pelo caminho, de chave de casa ao pescoço, ir apanhando brunhos das árvores daquela rua, para logo ficar com dores de barriga. lembro de ir pelo caminho de ferro, agora uma ecopista da moda, e ver a os carros passar por baixo. lembro de apanhar caracóis nos meus amados moinhos, lá no alto de S.Bento.
Há muito anos que não faço desta terra o meu espaço, mas volto sempre com saudades do cheiro, do campo, até mesmo daquele café onde cresci . Os barulho e os cheiros formam mudando e como não aceitava, não gostava. Tento aceitar, até porque só pertence aos meus dias aquilo que eu quiser e me permitir. vou para as traseiras e enebriu-me de cães e gatos . Adoro aquele caos consumado, talvez por não ser o meu diário, talvez porque os animais sempre tiveram aquele dom de me dar felicidade, de me fazer sorri gratuitamente. É bom.
Sei que é por aqui que vou parar, mas ainda não vou parar agora. Ainda há muito por conhecer. Quero ainda sentir, nem que por uma só vez mais, aquela sensasção de estar num sitio desconhecido, pegar num mapa porque não sei as ruas, nem os sitios, nem as gentes...e a pouco e pouco ir descobrindo...e crescendo com isso.
Logo, mais logo na minha vida, quando já não sentir muitas forças, quero parar. Aqui.
Deixar-me abraçar por este vento quente. E cheirar estas ruas limpas. Verdade que nunca vi uma cidade tão limpinha!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Há dias perigosos



Há dias perigosos.


dias onde o momento do momento pode ser transformado num perpétuo passado. Fazer eternidade de um só momento não é proeza fácil. É antes mentira feita verdade.


Quando a mesma perda se repete...e se repete...e repete, deixa de chamar-se perda: é uma mentira. invetariada pela verdade imposta dum sentir-se estranho a si, de um acreditar que se conhece, um afirmar que se entende. Dum estranho que não se apresenta ao seu 'outro'. Assim nunca mais o 'um' se torna uno e é antes um 'outro' transmutado no 'outro mesmo'.


Nos dias perigosos quando olho ao espelho não me vejo! assusta porque está lá tudo reflectido, menos eu! E sabendo que existo, essa estranhesa de não me ver, transforma-se na mentira do que por vezes sou. e sei que existo porque ao respirar o vidro fica embaciado, mas não me vejo....que espanto: sou transparente! Caramba, não serei mais que uma respiração? Não serei mais que uma pergunta? Serei mais que uma resposta, concerteza.






Que canseira! Estou cansada.






A fingir estar acordada, vivia. E vos mentia a todos o quanto me entendia e mentia a mim o quanto estou viva.

Nos dias perigosos, só uma restia de razão me agarra e é dona do não me ter morto inteira. Porque a mentira em que vivi era abraçada por um instinto de morte. Não uma morte como para morrer...não, essa não! Era mais um matar-me para ir morrendo.



E agora não há mais nada, só me resta isso: voltar à vida.



Desencontro feito de encontro. Perco-me para me encontrar. Morro para renascer. Repondo para perguntar. E vivo para encontrar, perder e perguntar e nem quando morri, vivi só para respirar.






há dias perigosos!