segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

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"Há um excesso de todas as coisas que já foram ditas...Falta-nos o dicionário dos silêncios que se fundem em cores e céu, em fortalezas de àrvores e cascatas de vento e lua. Falta-nos partir, rumo aonde outrora nos despimos de nós...beber aos lábios do medo a lonjura que nos completa." (autor desconhecido)

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013


É oficial: estou em fase de introversão aguda! 
é assim o meu Outono...o meu tempo. Não sei se é bom ou se é mau, se é ascendente ou descendente...provavelmente é tudo isso ou nada. O meu grande nada onde me abro aos meus sentires...a todos...principalmente aqueles que me esqueci de saber sentir.
Quando fico assim aproveito as voltas por dentro para ouvir o som do meu cabelo a crescer...gosto de ter tempo para isso
Habituei-me à minha companhia.
Uma boa companhia não precisa de andar sempre aos saltos e aos pinotes...uma boa companhia é, principalmente, aquela com quem nos sentimos bem em quietude, com quem o silêncio não incomoda, é aquela com quem apenas precisamos de usar um rosto, uma 'persona'...apenas ser.
Tudo acontece no meu grande nada. um espaço intímo onde volto às origens...a minha gruta das coisas simples, onde gosto de cozinhar , pintar e coser meias e mantas. neste canto aprendo a apreciar as minhas carências...a ouvir-me suspirar...a sonhar. Sonhos de fuga...fugaz...sonhos de encontro onde o ego dá uma trégua ao coração, onde vejo a minha sombra, atrás, à frente e dentro de mim. 
Nesta minha caverna podemos conversar sem que o mundo saiba. Segredos só nossos. Pode tudo ficar complicado porque o desespero não se vê daqui. e como vale a pena ver o mundo desde este precipício! é belo e feio tudo ao mesmo tempo...pode ser escuro e tenebroso, mas faz parte do todo. 
Aqui não preciso escolher entre o bem e o mal, entre o certo e o errado...tudo isso é tudo...no meu grande nada.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

E...numa história de amor vejo o que tive e não sou.
vi o apego que se cria quando de expectativa se faz o molde. a desilusão só existe porque, através da expectativa, é criada a ilusão. 
Na verdade é de mim para mim que me iludo...ninguém mais pertence ao percurso. Nem sempre se está confortável: ainda bem!
E...sempre que me senti magoada foi por acreditar ser verdade o expectado e...pedaços de Marta morreram por isso. morreram os pedaços de mentira, os pedaços que não pertencem.
No final tudo fica sempre no sitio certo 
e assim vou aprendendo a rir de mim e do Mundo

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

"Útero

Me nazco en amapolas y caricias
me nombro mujer para quererme
me abro un sendero desafiante y atrevido
me permito mirar desde mi misma
me invito a estar erguida
me deshago de miedos
escucho mis latidos
sigo mi estela de intuiciones
me busco y me pierdo en las mareas
me atrevo a mis pasos
sólo míos
me pierdo
me nublo y amanezco nueva
me gusto y me empecino
me caigo y me desarmo
en partículas de amores
me enraízo
me despeño
me alboroto
me remonto
me huelo
me desdigo
Vuelvo a llamarme a mí misma
desde el útero,
para gestarme mujer en el silencio,
para parirme entera cada día."

© Germana Martin

segunda-feira, 24 de junho de 2013

"A era da estupidez"

Cansei-me de filosofar...de conversas profundas
Estou farta de me meter dentro de caixinhas...de me sentir livre pelo que afinal não eram mais do que prisões  
Só ser  nos agoras é verdade...


Ouvir o som do mundo a girar

domingo, 26 de maio de 2013

"O MÉDICO E O VERDUREIRO (2004)
De uns tempos para cá venho me dedicando a entregar verduras a domicílio. Verduras da horta do sítio para pessoas que fazem parte de uma rede de amigos e novos amigos. Ao fazê-lo, visito um desejo oculto de viver uma identidade secreta. Uma roupa velha, um boné e criou-se o personagem.
A hora de acordar é quatro da manhã, uma hora muito especial. Abasteço o fusquinha de quarenta sacas de verduras colhidas pelo "seu" Geraldo. Em alguns minutos o carro está abarrotado de sacolas (cabe muita coisa num fusca!).
Sento ao volante, olhando o céu do sítio Nirvana. É um momento especial, de oração, junto ao silêncio, às estrelas e a lua. Sinto a fragrância da salsa e do manjericão como uma comunicação das plantas comigo. As verduras são como crianças, que às vezes soltam seus brinquedinhos: joaninhas, pequenas aranhas e formigas costumam passear pelo interior do carro. Uma destas aranhas ficou morando no carro, e como tinha hábitos noturnos, descia pendurada no retrovisor. Um dia a capturei e a devolvi à horta.
E assim, com o carro repleto de amigos verdes, roupa velha e boné, a lua no céu, me atiro pelo asfalto, com uma longa lista de endereços. Após vencer a Grota Funda, pego uma estação de rádio, e a música se faz presente na composição do cenário.
Talvez sejam as próprias verduras, talvez o brilho da lua, talvez o nascer do sol, que pula dentro da retina durante o trajeto das entregas. Algo diferente, que nunca havia vivenciado, foi me contagiando e motivando a continuar este trabalho. Ajudado pela imensa capacidade humana de desenvolver personagens (ou seria adaptabilidade?), desenvolvi o gestual típico e a forma de expressão do entregador de verduras.
Quando passeava às seis da manhã pela Rua Jorge Rudge em Vila Isabel, eu me perguntava, de onde vinha aquela alegria contagiante dos verdureiros, ao montarem suas barracas às cinco da manhã, tendo acordado sabe-se lá que horas?
Compartir esta alegria é um programa obrigatório para quem estiver sentindo-se deprimido. Os momentos que precedem uma feira montada são de uma energia muito especial, que nos remete a uma experiência humana por muitos esquecida. Não há como não deixar-se contagiar por estas pessoas simples e alegres, como as próprias verduras que vendem.
As semanas como entregador foram se sucedendo, e tornaram-se meses, e agora já completo dois anos de entregas. O ato de entregar, de servir, de distribuir, é uma vivência preciosa. Nesso novo universo, no qual desenvolvi meu personagem "entregador", convivo com os porteiros, os lixeiros, os seguranças e todos aqueles que trabalham ao nascer do dia. Nessa nova linha de relacionamento, aprendo e reaprendo a me comunicar. Às vezes acontece de um porteiro que não me conhece não permitir minha entrada. Neste momento, a experiência é ainda mais contundente, quando o entregador deve esperar por uma autorização, ou mesmo resignar-se que não deve entregar.
Alguns amigos me perguntam, porque eu faço isto, e não arrumo alguém para fazer a entrega. E eu pergunto: para que delegar a alguém esta tarefa? Tenho muito mais motivos de fazê-la do que o contrário: neste trabalho acontece também de eu ser muito bem recebido, com bate-papos nos portões, ou nas cozinhas de meus clientes. Me vejo então como a pequena aranha, tecendo teias de fios invisíveis, onde as verduras são na verdade apenas um pretexto.
Nesta experiência, conheço a semelhança com os outros, meus clientes, os porteiros, os entregadores, os verdureiros, os lavradores, os motoristas (entregadores de gente), os garis, os pescadores, os pedreiros. Me percebo parte deste todo, cumprindo a minha parte. Ë uma chance inestimável de conhecer um pouco mais a força da humildade."
www.doutoralberto.com

sexta-feira, 19 de abril de 2013

a NOVA PELE por fim


Esta série de auto-retratos surge de uma individualidade em confronto com o absurdo do desejo. 
Procura pacificar-se, nesse ‘lugar’ que a Pintura é, através da contemplação do corpo físico, que se vai transformando numa interrogação do mundo interior a esse corpo. 
Uma busca de silêncio implícito na aceitação da condição do corpo e do seu lugar no mundo. 
O corpo é o elemento central das histórias que a pele das telas conta. É a afirmação desse ‘estar aí’, desse desejo de sentir. 
Uma pele que cai para dar lugar a uma nova pele que envolve o corpo do não-desejar-nada.