quinta-feira, 7 de julho de 2011

Há dias perigosos



Há dias perigosos.


dias onde o momento do momento pode ser transformado num perpétuo passado. Fazer eternidade de um só momento não é proeza fácil. É antes mentira feita verdade.


Quando a mesma perda se repete...e se repete...e repete, deixa de chamar-se perda: é uma mentira. invetariada pela verdade imposta dum sentir-se estranho a si, de um acreditar que se conhece, um afirmar que se entende. Dum estranho que não se apresenta ao seu 'outro'. Assim nunca mais o 'um' se torna uno e é antes um 'outro' transmutado no 'outro mesmo'.


Nos dias perigosos quando olho ao espelho não me vejo! assusta porque está lá tudo reflectido, menos eu! E sabendo que existo, essa estranhesa de não me ver, transforma-se na mentira do que por vezes sou. e sei que existo porque ao respirar o vidro fica embaciado, mas não me vejo....que espanto: sou transparente! Caramba, não serei mais que uma respiração? Não serei mais que uma pergunta? Serei mais que uma resposta, concerteza.






Que canseira! Estou cansada.






A fingir estar acordada, vivia. E vos mentia a todos o quanto me entendia e mentia a mim o quanto estou viva.

Nos dias perigosos, só uma restia de razão me agarra e é dona do não me ter morto inteira. Porque a mentira em que vivi era abraçada por um instinto de morte. Não uma morte como para morrer...não, essa não! Era mais um matar-me para ir morrendo.



E agora não há mais nada, só me resta isso: voltar à vida.



Desencontro feito de encontro. Perco-me para me encontrar. Morro para renascer. Repondo para perguntar. E vivo para encontrar, perder e perguntar e nem quando morri, vivi só para respirar.






há dias perigosos!



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