“Uma tradição popular adverte contra contar sonhos, pela manhã, em jejum. O
homem acordado, nesse estado, permanece ainda, de fato, no círculo de sortilégio do sonho.
[...] Nessa disposição, o relato sobre os sonhos é fatal, porque o homem, ainda conjurado
pela metade ao mundo onírico o trai em palavras e tem de contar com sua vingança. [...]
Está emancipado da proteção da ingenuidade sonhadora e, ao tocar suas visões oníricas sem
sobranceria, se entrega. Pois é somente da outra margem, do dia claro, que pode ele ser interpelado por recordação sobranceira. [...] Quem está em jejum fala do sonho como se
falasse de dentro do sonho.”
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