segunda-feira, 3 de outubro de 2011

o sonho de uma palavra pequenina

Era uma vez uma palavra dita.
Era uma palavra pequenina, daquelas que quase nem se dá por ela, contudo de uma importancia vital para o sentido das coisas. aliás...como todas as coisas pequeninas.
Era feliz na sua pequenez. Adorava o significado das coisas, principalmente das minúsculas.
Gostava da sua realidade. gostava de jogar com as suas as amigas palavras. gostava de saborear o sentido das frases, de se sentir útil. Gostava de ser dita e desdita, de ser pensada e repensada.
andava por aqui a e por ali. aparecia sempre que pronunciada ou escrita. Era uma palavra fiel e nunca se cansava de ajudar o seu companheiro entendimento e o seu primo conhecimento.
Não era uma palavra ambiciosa e contentavas-se com os modos mais simples da sua existência. Adorava todas as suas formas: o verbo o substantivo e tinha um carinho muito especial pelo adjectivo.

Era assim...

Contudo num dia como outro qualquer, acordou e pensou no quanto era esperado dela...sentiu o peso até das coisas pequeninas. E se um dia quisesse ir de férias? e se um dia quisesse desligar-se do mundo?
Começou a ficar triste e pensativa. tinha deixado de sentir a magia do conhecimento. Começou a questionar se seria assim tão essencial à produção do entendimento.
não deixava contudo de cumprir com o seu papel. lá estava ela sempre que dita ou escrita. Mas começou a ter um sentido prejurativo...havia nela algo de implícito que não se conseguia detectar numa primeira leitura. começou a ser uma palavra sonhada...cheia de sinónimos e antónimos...começou a crecher...já não era tão pequenina.
as suas amigas palavras começaram a achá-la estranhamente apática...nostálgica...não entendiam e um dia perguntaram-lhe: "amiga estás bem?" ao que ela respondeu "Sim...estou só a sonhar...sonhar....sonhar..."
"E que sonhas?" - perguntaram
"Sei lá...sonho com tudo e com nada. Mas o meu maior sonho era só ser uma palavra por dizer!"

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