terça-feira, 1 de março de 2011

era uma vez

No meu universo interior vivem vários mundos, tantas realidades, prazer e tormentas que não entendo. conflitos e caos. doi-me cá dentro. hoje até na barriga sinto esta vazio que não se enche nunca. espero...espero... e doi. só o sonho vale e é verdade.
No meu mundo interior vivem imagens, tantas e tão bonitas. são rios, pássaros de mil cores, amantes, sangue, flores, planetas, terra e cal, gatos que miam muito, há mar, tartarugas centenárias, e elefantes gigantes, há sempre música e ar.
Parece que quem sonha é mais rico, vive melhor, é mais bonito. eu sonho muito, mas sou uma rica rota. pobre. minúscula. mas sonho muito.
Gosto mais de viajar no meu universo interior que na realidade concreta, seja lá o que isso for! parece-me feia quando olho as pessoas na cara e vejo por detrás das palavras politicamente correctas, dos sorrisos compostos, das ideias mais ou menos, do morno das suas almas, da racionalização dos gestos, do desviar do olhar, do opaco dos olhos, da vulneberabilidade escondida, da frieza dos sentires, e do comodismo dos estares, da entrega por compaixão, do dar de mãos conveniente, das rezas repetidas.
Fico desassossegada quando estou com muita gente à volta, muitas cabeças, pouco pensar, demasiadas palavras. as pessoas falam muito, falam demais. porque se fala tanto? nunca entendi...é afinal no que não se diz que está a essencia, é no que se adivinha que vive o interesse, no que fica por dizer, no que fica por viver, no que fica por sentir. o que já se sentiu está morto. o que já se disse, morreu. palavras ditas estão enterradas. calem-se por favor!
Gosto tanto do silêncio. Adoro o meu silêncio quando estou a cantar. estou sempre a cantar, descobri à pouco tempo. foi surpresa. Canto em silêncio, mas ouve-se bem cá dentro. sou afinadinha a cantar. gosto das notas das letras do som e da imagem das minhas músicas. Só as ouve que me entende e me sente. só se ouvem a sentir, não é preciso os ouvidos.
Por vezes tento passar sentires do meu universo interior para o realidade em formas desenhadas, na tentaiva de trazer algo novo ao mundo em que vivo. é só assim que existo. só assim me deixo ver. nessas representações não há máscaras porque não sou eu que mando nos pincéis. eles vivem por si e não sabem o que é o teatro. Ali sou só uma mão, pequenina de criança. Não há palco nem plateias.
Sei que posso pintar tudo, mas não tenho conseguido, e não pinto nada. está tudo cá dentro reprimido, retraído. deve ser por isso que me doi as entranhas. penso que é do vazio, mas deve ser do exesso de imagens que precisam de sair. pedem-me e eu não permitido. não me tenho permitido libertar-me. é neste processo que fujo da dor, é quando trago algo novo à realidade que se me enche um pouco o vazio ... esse. é quando consigo transportar do meu mundo interior as minhas canções que me surgem as respostas.

'era uma vez', gritam cá dentro as imagens e os sonetos, mas hoje a tela é só branca. espera-me. e eu...a que espero?

1 comentário:

  1. Era uma vez, uma menina cheia de luz, que não precisou de palavra ou imagem, era o reflexo de mim, mora aqui, a cada momento que tenho vivido, tão confusa e desconexa e tão proxima de ti...
    Tenho um molhinho de abraços, de silencios e sorrisos só para ti, que guardei neste tempo que passou por mim sem que sequer desse por ele.
    Canta, grita, chora, tu és linda , serás sempre, és tão mais que uma tela branca por descobrir, és a foz de caminhos longos, es a nascente de fé que tenho em mim, és um abraço que sempre precisamos, não daqueles opacos, um sentido e, esse, nunca deixei de sentir.
    Desculpa minha amiga linda, não tenho estado em mim mas os dias passam, eu vou-me recompondo e morro de vontade de te ver, estarei em Lisboa na segunda e guardo comigo mil palavras, mil silencios, mil marés e um abraço de perdão por este tempo sem ti.
    Força minha amiga, estou aqui!

    ResponderEliminar