quinta-feira, 3 de novembro de 2011




'estive há dez minutos atrás na varanda do meu quinto andar a observar a cúpula invisível entre o céu e o enorme lego de betão e a sentir-me um inquilino passageiro desta pensão de uma estrela perdida na imensa cidade negra a que damos o nome de universo curiosamente parece ser o único sitio que temos para passar a longa noite que nos espera e é aí que eu saio para apanhar a frequência como que a comer um ponto e a cagar um verso no meu prisma a encaixar provavelmente no de outros feito um filósofo de merda mas a vida é isso mesmo um monte de gente a fazer de conta que se entende e ninguém sabe dizer o que viveu por isso nos pedem que caminhemos alegres para um precipício sem questionar porque estamos longe mas longe rapidamente fica perto e perto rapidamente passa para longe eu não quero mandar-te para longe mas eu sei que me entendes tu também tens medo de morrer toda a gente tem só que normalmente evocamos nomes de problemas para nos convencermos que estamos ocupados a resolver uma situação importante quando não tem importância nenhuma entretanto o tapete rola e nós irritamo-nos como é inevitável e nos nossos sonhos dizemos: torna-me imortal! torna-me imortal! Eu não vou aguentar deixar de existir e é aí que eu entro para sair da frequência seduzir-te com os meus sonhos tu não vês como empreendo e como eu mais um milhão de sonhadores leva com ele muitos abraços de outros acéfalos na lotaria dos ideais descrentes beijando o muro do bilhete mas quero dizer-te que a viagem é tua e não quero empurrar-te à força para a rua se eu falhar vou passar de deus a carrasco embalsamado e metido dentro de um frasco para te lembrares da mentira mas a verdade é que ganhamos sempre'

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